Notícias de longe

Como meus leitores são meus amigos(mesmo aqueles que não conheço pessoalmente), posso dizer que a razão pela qual escrevo aqui são por vocês.
E, hoje, recebi um email de um super amigo que deixou o azul do mar do Leblon para habitar em terras londrinas com aquele fog "maravilhoso" e qual não foi minha surpresa de receber um mail com comentários gastronômicos dele.
Com a devida autorização, divido com vocês. Vejam que delícia de mail:

" Depois de 112 horas de trabalho em uma semana, incluindo apenas cinco horas de sono entre domingo e terça, alguns aqui no banco perguntavam como eu estava, se queria uma café pra acordar – aliás, aqui na maquininha vende Red Bull. Mas era tudo numa boa, num tom quase de brincadeira: todos aqui já passaram por isso, e ninguém acha nada demais. Investment Banking sem dúvida é um mundo à parte, e ninguém aqui é muito normal.
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Para atualizar vocês sobre as tendências londrinas, a última moda aqui são os smoothies, bebidas feitas 100% com frutas espremidas na hora, em lugares super luxuosos e que custam mais caro do que o meu almoço. É exatamente o que qualquer brasileiro chamaria de suco, mas como aqui os juices são terríveis, precisaram inventar outra palavra pra os sucos de verdade, que são tratados mais ou menos como uma novidade tecnológica - sabe no Brasil quando podemos ver o sushiman ou um pizzaiolo trabalhando? Pois aqui o espetáculo é ver o espremedor de laranjas e o cortador de melancias. Mas ao contrário do que vocês podem estar pensando, tenho comido muito bem. Digamos que a comida inglesa certamente é o ponto fraco da culinária londrina, mas a maioria dos locais já vive à base de outras coisas, sem nenhum complexo por renegar sua comida típica.

E é aí que está a maior diferença que eu sinto entre Londres e Paris: a vida aqui é menos apegada à cultura inglesa. Embora Paris seja uma cidade até bastante cosmopolita, ela realmente faz você sentir que está na França. Paris te obriga a comer croissants de manha e almoçar antes das 14h. Aqui já é uma mistura tão grande, aliada certamente a um patriotismo menor, e você nem sente que está na Inglaterra. Na verdade, quando eu vejo um filme que se passa no interior da Inglaterra, tenho a impressão de ver um país completamente estranho.

Essa impressão é ainda maior quando você trabalha no mercado financeiro, e em um dos bancos mais internacionais do mundo – pra se ter uma idéia, não tem nenhum inglês no grupo de doze analistas que vai entrar no meu departamento em agosto."